A supremacia do dólar no comércio global enfrenta um desafio crescente. Com a aproximação da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro (em 6 e 7 de julho), as principais economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – priorizam as transações em moedas locais.
Essa mudança, que passou de especulação a estratégia diplomática concreta, ocorre em meio a tensões geopolíticas e à demanda do Sul global por um sistema financeiro mais equilibrado. Indicando, dessa forma, uma possível redefinição das regras do comércio mundial.
Comércio em moedas locais é prioridade diplomática
A transição para o comércio em moedas locais assume uma posição central na agenda do bloco BRICS.
Denis Alipov, embaixador da Rússia na Índia, confirmou o compromisso de Moscou em expandir as trocas comerciais em moedas nacionais. Mecanismo já em uso entre alguns membros, como Rússia, Índia e China.
Alipov esclareceu que a aliança BRICS ‘não é um contra-bloco’, mas um ‘centro de gravidade para países em busca de respeito mútuo, e não interferência’.
O embaixador brasileiro na Índia, Kenneth da Nobrega, corroborou: ‘É um caminho longo. Mas, o comércio em moedas locais? Já funciona’.
Desse modo, a estratégia fortalece a resiliência monetária das economias do BRICS e mantém o bloco preparado para enfrentar as conturbações do dólar.
Além disso, a mudança da ordem econômica mundial fortalece ainda mais essa iniciativa. Isso porque o atual governo dos EUA aplica políticas protecionistas e constantemente ameaça nações de sanções extraterritoriais.
Alguns dos pontos essenciais dessas trocas diplomáticas incluem:
- ampliação do comércio em moedas locais, que já funciona entre alguns membros;
- redução da dependência do dólar;
- alavancagem para a emancipação econômica;
- consenso diplomático;
- integração de novos membros (Irã, Indonésia e Emirados Árabes Unidos), para fortalecer e legitimar a geoeconomia estratégica.
Essas diretrizes registram uma importante etapa nas relações financeiras do bloco. No geral, as discussões econômicas do bloco têm avançado de forma coesa.
Recentemente, o 99bitcoins noticiou que um comitê do BRICS alerteou para o uso de criptoativos para financiar o terrorismo – ampliando estratégias de monitoramento desses ativos.
Explre mais: O Que São Stablecoins: Guia para Investidores Iniciantes
Projeto de moeda comum foi deixado de lado?
Apesar do avanço no comércio em moedas locais, a ideia de uma moeda única dentro do BRICS teve suas expectativas de curto prazo contidas por declarações oficiais.
O ministro de Relações Exteriores da Índia, Dammu Ravi, representante indiano do grupo, afirmou que as discussões sobre uma moeda comum estão em ‘estágio muito preliminar’.
Ele ressaltou que o foco, por enquanto, é na ‘liquidação das trocas em moedas nacionais’, pois a ‘harmonização das políticas fiscais e monetárias é extremamente difícil de alcançar’. Essa posição da Índia, um país chave do bloco, reflete cautela.
As restrições técnicas e políticas para uma moeda comum são significativas. Um alinhamento monetário exige convergência macroeconômica de longo prazo e coordenação institucional, que o BRICS ainda não possui.
O Brasil reconheceu que ‘uma integração mais profunda, como uma moeda comum, demanda anos de alinhamento político’.
As divergências econômicas entre os membros – em termos de inflação, regime cambial ou estabilidade política – complicam tentativas de padronização monetária.
Portanto, precipitar um projeto de moeda comum poderia minar a coesão do grupo. A mensagem enviada ao Rio é de uma cooperação gradual, baseada em consensos concretos, como o comércio em moedas locais.
No longo prazo, avanços tecnológicos, especialmente nas moedas digitais soberanas (CBDC), poderiam reabrir as discussões.
Explore também: Carteira não custodial: guia completo para iniciantes
Por que confiar no 99Bitcoins
O 99Bitcoins foi fundado em 2013 e sua equipe é especialista em criptomoedas desde os primórdios do Bitcoin.
de pesquisa toda semana
+100 milleitores todo mês
contribuições de especialistas
2000+projetos cripto avaliados