Ao lado do Bitcoin, a criptomoeda Ethereum vem se consolidando como um dos principais ativos digitais do mundo. Em grande parte, isso deve-se ao fato de que esta trata-se de uma das plataformas mais importantes do universo cripto. Não por acaso, ocupa a segunda posição no ranking de criptoativos em valor de mercado.

Indo além do conceito de “dinheiro digital” do Bitcoin, o Ethereum vem revolucionando o setor desde o seu lançamento. Isso, principalmente por introduzir contratos inteligentes e aplicações descentralizadas (dApps). Assim sendo, a criptomoeda Ethereum alimenta um ecossistema vasto, desde finanças descentralizadas (DeFi) até tokens não fungíveis (NFTs).

Além das muitas inovações, o Ethereum conta também com uma comunidade global de desenvolvedores e apresenta sucessivas melhorias técnicas. Portanto, mesmo enfrentando desafios de escalabilidade e concorrência de outras blockchains, o ETH permaneceu, ao longo dos anos, resiliente e relevante no universo cripto.

Só para exemplificar sua importância, atualmente a rede processa, em média, mais de 1 milhão de transações por dia. Sem contar que há cerca de 120 milhões de ETH em circulação. Como veremos adiante, o Ethereum também se tornou mais seguro e completo após as atualizações The Merge (2022) e Shanghai (2023).

Mas, afinal, o que é Ethereum e para que serve? Neste artigo, trouxemos um guia completo, detalhando as principais informações sobre esta criptomoeda. Portanto, para saber como funciona sua tecnologia de blockchain e contratos inteligentes, continue a leitura. Veja ainda as perspectivas para o futuro do Ethereum e muito mais.

O que é a criptomoeda Ethereum?

Fique por dentro do ecossistema Ethereum

Ethereum nada mais é do que uma plataforma descentralizada, baseada em tecnologia blockchain. Basicamente, ela foi projetada para executar contratos inteligentes e aplicativos descentralizados. Em outras palavras, é como um “computador mundial” que permite rodar programas (dApps) sem depender de servidores centralizados ou intermediários.

A criptomoeda Ether (ETH), por sua vez, é o token nativo usado para pagar por operações dentro da rede Ethereum. Assim sendo, quando falamos em “investir em Ethereum”, por exemplo, nos referimos a comprar o Ether. Por sua vez, este é o combustível que movimenta essa rede.

Portanto, o Ethereum difere-se do Bitcoin, que foi criado com o objetivo principal de ser uma moeda digital. Afinal, nesse caso, ele é uma plataforma multifuncional que abre caminho para diferentes inovações. Estas incluem DeFi, NFTs, organizações autônomas descentralizadas e muito mais.

Diferença entre Ethereum e Ether (ETH)

Embora Ethereum e ETH sejam utilizados como sinônimo por muitas pessoas, entre eles há uma diferença sutil. Como mencionamos, Ethereum é o nome da rede blockchain, enquanto Ether (ETH) é a criptomoeda em si.

Em resumo, Ethereum é a tecnologia e o Ether é o ativo digital. Vale reforçar que o Ether ocupa o posto de segunda maior criptomoeda em valor de mercado, perdendo apenas para o Bitcoin.

Quem criou o Ethereum e por quê

O Ethereum foi idealizado por Vitalik Buterin, um programador nascido na Rússia e criado no Canadá. Em 2013, aos 19 anos, Vitalik publicou um white paper descrevendo uma plataforma blockchain capaz de suportar aplicações descentralizadas, indo além do escopo financeiro do Bitcoin​.

A ideia surgiu da percepção de que a tecnologia blockchain poderia fazer mais do que registrar transações monetárias. Vitalik propôs um sistema com uma linguagem de programação embutida que permitisse criar contratos inteligentes. Isto é, programas autoexecutáveis que rodam na blockchain quando determinadas condições fossem atendidas.

Outros co-fundadores se juntaram a ele nesse projeto, incluindo Gavin Wood, Charles Hoskinson e Joseph Lubin​. Em 2014 houve uma oferta inicial de moedas (ICO) na qual a equipe levantou fundos vendendo ETH. Essa arrecadação conseguiu cerca de US$18 milhões para financiar o desenvolvimento​.

A rede Ethereum foi lançada oficialmente em 30 de julho de 2015, marcando o início da primeira etapa da plataforma. Em suma, o Ethereum foi criado por Vitalik Buterin para expandir os limites do que uma blockchain pode fazer, permitindo aplicações descentralizadas em diversas áreas — e não apenas uma moeda digital como o Bitcoin.

Como funciona a rede Ethereum?

A rede Ethereum funciona de maneira semelhante à do Bitcoin em alguns aspectos. Isso se dá, pois ambas são redes distribuídas de computadores (nós) que mantêm um registro imutável (a blockchain) através de consenso. Entretanto, o Ethereum vai além ao incorporar a funcionalidade de contratos inteligentes.

Para entender melhor o funcionamento da rede, vamos dividir o processo em duas partes-chave. De um lado, a blockchain em si (o livro-razão das transações) e os contratos inteligentes que rodam sobre ela. Por outro, a Ethereum Virtual Machine, que é uma camada especial que viabiliza o funcionamento da rede Ethereum.

Blockchain e contratos inteligentes

A blockchain da criptomoeda Ethereum é uma sequência de blocos de dados encadeados, contendo transações e código executável. Cada nó da rede mantém uma cópia da blockchain e segue regras de consenso para validar novos blocos.

Originalmente, o Ethereum usava Prova de Trabalho (PoW) como mecanismo de consenso (semelhante ao Bitcoin, envolvendo mineração). Porém, desde 2022 ela migrou para Prova de Participação (PoS) — falaremos disso adiante.

O diferencial é que transações Ethereum não se limitam a transferir valores entre contas. Afinal, elas também podem invocar contratos inteligentes. Para quem não sabe, estes são programas de computador com regras predefinidas que são armazenados e executados na blockchain Ethereum​.

Eles têm esse nome porque funcionam como contratos tradicionais, ou seja, estabelecendo condições e consequências. Porém, executam automaticamente as ações quando as condições programadas são atendidas, sem depender de confiança em intermediários.

Uma vez implantado, o contrato fica público e imutável na blockchain, e qualquer pessoa pode interagir com ele, desde que pague a taxa em Ether. Essa capacidade de programação permitiu criar de exchanges descentralizadas a jogos colecionáveis dentro do Ethereum.

Ethereum Virtual Machine (EVM)

A Ethereum Virtual Machine (EVM) é o componente central que torna tudo isso possível. Trata-se de um ambiente de execução universal dentro da rede Ethereum, presente em todos os nós, responsável por rodar o código dos contratos inteligentes de forma determinística.

Podemos imaginar a EVM como uma máquina virtual global que processa as instruções dos contratos passo a passo. A ideia é garantir que o resultado seja o mesmo, independentemente do nó que executa.

Vale notar que cada operação realizada por um contrato na EVM tem um custo em gas. O papel dessa taxa é assegurar que os contratos não abusem dos recursos, evitando loops infinitos ou spam, já que o processamento “sai caro” se tentar sobrecarregar a rede​.

Em termos simples, a EVM é como o “sistema operacional” do Ethereum, que entende e executa o código dos contratos. Ela faz com que a rede Ethereum seja capaz de realizar qualquer computação.

Isso diferencia o Ethereum de blockchains anteriores: no Bitcoin, por exemplo, o mecanismo de scripts é deliberadamente limitado para segurança. Já no Ethereum, a EVM proporciona flexibilidade máxima, possibilitando a criação de aplicativos complexos.

Ethereum 2.0 e a transição para Proof of Stake

Entenda o Ethereum 2.0 e a transição da rede para o mecanismo Proof of Stake

Com o crescimento da criptomoeda Ethereum, ficou claro que eram necessários upgrades para melhorar escalabilidade, segurança e sustentabilidade da rede. O termo Ethereum 2.0 foi então usado para englobar uma série de melhorias planejadas.

A principal delas foi a mudança do mecanismo de consenso de Prova de Trabalho (PoW) para Prova de Participação (Proof of Stake, PoS). Essa transição ocorreu gradualmente e teve seu momento mais emblemático em 2022, com o evento chamado The Merge.

A seguir, explicamos o que foi o The Merge, como funciona o staking no Ethereum pós-merge, e as diferenças entre PoW e PoS.

O que foi o The Merge?

The Merge (A Fusão) foi uma das atualizações mais importantes da história do Ethereum. Ocorrida em setembro de 2022, nessa data a rede Ethereum “fundiu” sua camada de execução usada desde 2015 (baseada em PoW) com a Beacon Chain. Essa última, uma cadeia PoS que estava sendo testada em paralelo desde 2020.

Com a fusão, o Ethereum deixou de usar mineração e passou a ser mantido exclusivamente por validadores via staking. Em termos práticos, The Merge reduziu em mais de 99% o consumo de energia da rede, já que a necessidade de cálculos intensivos (mineração) foi eliminada.

Antes da fusão, milhares de mineradores competiam gastando eletricidade para validar blocos. Após o The Merge, essa função passou para participantes que bloqueiam ETH em stake e são selecionados para criar blocos de acordo com suas participações.

Para os usuários comuns, a mudança foi quase imperceptível em termos de uso diário, já que nenhuma nova moeda surgiu. Já para o ecossistema, os impactos foram enormes. Pra começar, a emissão de novos ETH caiu drasticamente, pois não havia mais recompensas altas de mineração. Ademais, a segurança da rede passou a depender da honestidade econômica dos stakers.

Como funciona o staking na Ethereum

Após a transição para PoS, a segurança da blockchain Ethereum agora depende do staking. Basicamente, staking refere-se ao ato de travar Ether como garantia para validar as transações. Assim sendo, quem participa do staking se torna um validador da rede.

Para rodar um nó validador completo é necessário alocar 32 ETH — hoje, dezenas de milhares de dólares. Todavia, usuários com menos quantia podem participar através de pools de staking ou serviços de staking líquido.

Nesse sentido, ao deixar ETH em stake, os validadores ajudam a manter a rede. Em troca, eles são recompensados com novas moedas ETH, semelhantemente a ganhar juros). Importa destacar que a Ethereum seleciona aleatoriamente validadores para propor novos blocos e um comitê de outros validadores para atestar (verificar) esses blocos.

Se o validador propositor agir honestamente, ele ganha recompensas em ETH. Se tentar fraudar, ele pode sofrer penalização que queima uma parte de seus ETH em stake, incentivando comportamentos honestos. Em resumo, staking na criptomoeda Ethereum significa “deixar seus ETH trabalhando para a rede”.

É comparável a investir em um CDB ou tesouro direto que paga juros. Porém, no caso do Ethereum, os “juros” vêm da emissão de novas moedas e das taxas de transação. Já o risco está atrelado à volatilidade do ativo e à necessidade de manter a infraestrutura funcionando corretamente.

Diferenças entre PoW e PoS

Em Proof of Work, como usado pelo Bitcoin (e pelo Ethereum até 2022), a validação de blocos requer trabalho computacional intenso. Máquinas mineradoras competem resolvendo problemas matemáticos (hashing). Assim, quem acha a solução primeiro ganha o direito de minerar o bloco e receber a recompensa.

Isso torna a rede segura, pois adulterar blocos exigiria refazer todo o trabalho com um poder computacional imenso. Porém, o PoW tem desvantagens. Para começar, ele consome muita eletricidade e tem limite de processamento, que no Bitcoin é de aproximadamente 7 transações/segundo.

Já a Proof of Stake seleciona validadores baseado em quanto de criptomoeda eles “apostaram” (stake) na rede, não exigindo resolver problemas computacionais. Em vez de gastar energia, o participante coloca seu capital em jogo. Se agir mal, perde dinheiro; se agir bem, ganha pequenas recompensas. Dito isso, suas diferenças técnicas incluem:

  • Consumo de energia: PoS é cerca de 99.95% mais eficiente, como demonstrado pela queda de consumo do Ethereum após The Merge;
  • Descentralização de hardware: no PoW geralmente há concentração de mineradores com equipamentos caros. No PoS, qualquer pessoa com a quantidade de moedas pode rodar um validador em um computador comum ou até em cloud;
  • tempo de bloco: Ethereum com PoS manteve aproximadamente 12 segundos por bloco, enquanto Bitcoin (PoW) tem por volta de 10 minutos;
  • Emissão monetária: o Bitcoin tem um limite fixo de 21 milhões de moedas, e mineradores recebem cada vez menos BTC (halvings a cada 4 anos). O Ethereum não possui um teto máximo de ETH; ele libera novas moedas continuamente. Contudo, a quantidade total de ETH pode diminuir com o tempo.

Tabela de atualizações técnicas da Ethereum

Para entender a evolução da criptomoeda Ethereum e sua rede, compilamos na tabela abaixo as principais atualizações de 2020 a 2024. Confira seus principais destaques tecnológicos:

Ano

Atualização

Destaque técnico

2020 Beacon Chain (Fase 0 do Ethereum 2.0) Lançamento da cadeia PoS paralela à mainnet. Marcou o início do staking na Ethereum – a Beacon Chain começou a produzir blocos em 1º de dezembro de 2020
2021 Hard Fork London (EIP-1559) Introduziu o mecanismo de queima de taxas de transação (EIP-1559), tornando as gas fees mais previsíveis e reduzindo a inflação do ETH – parte das taxas agora é queimada em cada bloco
2022 The Merge Fusão da mainnet com a Beacon Chain, completando a transição para Proof of Stake
2023 Upgrade Shanghai Liberou os saques dos ETH em staking pela primeira vez, finalizando a migração para PoS. Mais de 18 milhões de ETH em stake puderam ser retirados gradualmente
2024 Dencun Fork Implementou o proto-danksharding (EIP-4844), introduzindo “blobs” de dados para baratear as transações de rollups. Essa melhoria reduziu custos de Layer 2 e aumentou a escalabilidade da rede

Para que serve o Ethereum?

Você deve estar se perguntando para que serve a criptomoeda Ethereum. Afinal, quais problemas ela resolve e quais aplicações estão sendo construídas em sua plataforma? Diferente do Bitcoin, cujo foco é ser dinheiro digital ou reserva de valor, o Ethereum se propõe a ser uma infraestrutura flexível.

Basicamente, várias soluções podem ser desenvolvidas. Algumas das utilizações mais populares do Ethereum hoje incluem as finanças descentralizadas (DeFi) e os tokens não fungíveis (NFTs). Vale citar também a emissão de outros tokens (padrões ERC-20, ERC-721, etc.) que movimentam diversos projetos.

Aplicações DeFi

O Ethereum é a espinha dorsal do movimento de Finanças Descentralizadas, conhecido como DeFi. Em termos simples, DeFi busca recriar serviços financeiros tradicionais como empréstimos, investimentos, seguros, corretagem, em formato descentralizado. Isto é, sem bancos ou intermediários, usando contratos inteligentes.

Por exemplo, em vez de pegar um empréstimo em um banco, você pode colateralizar criptomoedas em um protocolo DeFi. Em seguida, tomar emprestado outro ativo pagando juros automaticamente definidos pelo contrato inteligente.

Portanto, em vez de deixar dinheiro na poupança, você pode fornecer liquidez em uma exchange descentralizada, como a Uniswap. Então, ganhar comissões sobre negociações. Tudo isso é possibilitado pelos contratos inteligentes rodando no Ethereum. Afinal, eles executam as regras financeiras combinadas, sem necessitar de confiança entre as partes.

NFTs e jogos blockchain

Outra aplicação de destaque do Ethereum são os NFTs (Non-Fungible Tokens). Basicamente, os tokens não fungíveis são únicos e representam propriedade de itens digitais. Isto é, graças ao Ethereum, artistas puderam tokenizar obras digitais (arte, música, vídeos) e vendê-las como originais verificáveis.

Em 2021, por exemplo, houve um verdadeiro boom de NFTs. Isso se deu, pois, no período, várias obras de arte digital foram leiloadas por milhões de dólares. Algumas coleções, como Bored Ape Yacht Club, se tornaram fenômenos culturais.

Vale notar que cada NFT é basicamente um contrato seguindo o padrão ERC-721 na Ethereum, garantindo autenticidade e escassez digital. Em termos práticos, um NFT no Ethereum é como um certificado digital que diz “esta imagem é única e pertence a Fulano”, registrado publicamente na blockchain.

Tokens ERC-20 e ERC-721

Descubra como os Tokens ERC-20 e ERC-721 funcionam

Por fim, o Ethereum também é útil na criação de milhares de outros tokens. Usando padrões predefinidos de contrato inteligente, qualquer pessoa pode emitir seu próprio token na rede Ethereum. O padrão mais famoso é o ERC-20 (para tokens fungíveis, iguais entre si, como moedas digitais). Já o ERC-721, para tokens não fungíveis, únicos, ou seja, NFTs.

Graças a isso, o Ethereum foi a plataforma escolhida para a grande maioria das ICOs (Initial Coin Offerings) de 2017 e 2018. Nesse período, muitas startups criavam tokens ERC-20 para financiar seus projetos. Aliás, muitos dos principais criptoativos atuais nasceram como tokens ERC-20 no Ethereum. São exemplos:

  • Chainlink (LINK);
  • Binance Coin (BNB);
  • Tether (USDT); e
  • USD Coin (USDC).

Isso transformou o Ethereum em uma espécie de “plataforma mãe” do ecossistema. Afinal, aplicações criadas em sua blockchain puderam ter suas próprias moedas internas facilmente. Hoje, existem centenas de milhares de contratos ERC-20 implantados​, embora muitos sem valor.

Em geral, tokens ERC-20 podem representar qualquer coisa. Pontos de fidelidade, ações tokenizadas, moedas de jogos, stablecoins, etc. E, por terem um padrão comum, eles são automaticamente compatíveis com as carteiras Ethereum e com exchanges descentralizadas como Uniswap. Já os tokens ERC-721 definem cada token como único.

Principais atualizações da Ethereum (2020–2025)

Conforme já antecipamos na tabela acima, a criptomoeda Ethereum, bem como sua rede passaran por várias atualizações notáveis recentemente. A seguir, recapitulamos brevemente as principais atualizações entre 2020 e 2025 e seus impactos.

The Merge, Shanghai, Dencun Fork

  • The Merge (2022): a transição histórica do Ethereum para Proof of Stake. Essa atualização mudou completamente o mecanismo de consenso, aposentando a mineração. Seu impacto técnico foi enorme — reduzindo o consumo elétrico da rede em até 99,9%​ e a emissão de ETH. A oferta de Ether passou de cerca de 4,3% ao ano para aproximadamente 0,4% ao ano ou menos após a fusão. Além disso, o The Merge preparou terreno para futuras melhorias de escalabilidade. Em suma, essa atualização tornou o Ethereum mais sustentável e atrativo para investidores;
  • Shanghai (2023): foi a atualização que completou a transição para PoS ao finalmente implementar os staking withdrawals. Desde que o staking na Beacon Chain começou no final de 2020, os participantes não podiam retirar seus ETH depositados, nem os rendimentos. Em abril de 2023, porém, o hard fork Shanghai (na camada de execução) junto com Capella (na camada de consenso) liberou essas retiradas​. Isso permitiu que validadores sacassem recompensas acumuladas e até saíssem totalmente (retirando os 32 ETH). A princípio, houve receio no mercado de que a liberação causaria pressão de venda, mas o efeito foi moderado. Aliás, após Shanghai, o preço do ETH subiu cerca de 6% e superou US$2.000 pela primeira vez em quase um ano.
  • Dencun (2024): é o codinome do conjunto de upgrades focado em escalabilidade. A parte principal foi a implementação do EIP-4844, conhecido como proto-danksharding. Em março de 2024, o fork Dencun entrou em vigor no mainnet, introduzindo um novo tipo de transação que carrega “blobs” de dados temporários. Esses blobs são utilizados principalmente pelas soluções de Layer 2 para publicar dados de transações de forma muito mais barata do que antes.

Impactos no preço e desempenho da rede

Cada grande atualização do Ethereum teve impactos diferentes no preço do ETH e no desempenho da rede. Abaixo, detalhamos os principais aspectos.

Preço

Historicamente, as expectativas pelas atualizações geraram volatilidade no preço do Ether. Por exemplo, nos meses que antecederam The Merge (2022), o ETH valorizou de cerca de US$1.000 em julho/2022 para cerca de US$1.600-1.700 em setembro/2022. Contudo, logo após a fusão caiu junto com o mercado geral.

Já a atualização Shanghai em 2023 trouxe otimismo, já que o ETH subiu acima de US$2.000 pouco depois, sinalizando confiança de que o desbloqueio do staking não inundaria o mercado​. De forma geral, melhorias que fortalecem os fundamentos (como redução de emissão ou usabilidade) tendem a apoiar o valor do Ether no longo prazo.

Enquanto isso, no curto prazo o preço ainda responde mais a condições macro e especulação. Em 2025, o ETH estava cotado na faixa de US$1.600 (cerca de R$8-9 mil), bem abaixo do pico de US$4.800 de novembro/2021, mas também muito acima dos US$100 de alguns anos atrás​. Ou seja, a trajetória de preço tem sido cíclica, mas com tendência de alta no longo prazo conforme a adoção cresce.

Desempenho da rede

No quesito capacidade e uso, as atualizações tiveram efeitos medíveis. Após The Merge, o desempenho transacional imediato do Ethereum não mudou muito. Entretanto, a estabilidade e previsibilidade da rede melhoraram.

Com PoS, os blocos saem em intervalos regulares de 12 segundos, e os mecanismos adotados trouxeram mais segurança contra reorganizações longas. O consumo de energia despencou, tornando a operação de nós Ethereum algo viável sem gasto exorbitante.

Além disso, com Shanghai e Dencun, o throughput efetivo do ecossistema aumentou. Hoje, as Layer 2 que operam sobre Ethereum frequentemente somam mais transações diárias que a própria camada L1. Assim, do ponto de vista do usuário final, o Ethereum de 2025 suporta muito mais uso do que suportava em 2020.

Futuro do Ethereum

Olhando adiante, o Ethereum tem um roteiro de desenvolvimento ativo e muitos desafios e oportunidades pela frente. Vitalik Buterin e a comunidade frequentemente dizem que após The Merge o Ethereum “estava apenas 55% completo”.

Além disso, as próximas fases – apelidadas de Surge, Verge, Purge e Splurge – serão focadas principalmente em escalabilidade e aprimoramentos funcionais​. Vamos destacar alguns pilares do futuro do Ethereum esperados em 2025 e além.

Escalabilidade com Sharding e Rollups

A escalabilidade refere-se à capacidade da rede processar muitas transações por segundo de forma rápida e barata. Dito isso, essa é a frente mais importante. Nesse sentido, a estratégia atual do Ethereum é rollup-centric. Ou seja, priorizar soluções de segunda camada (Rollups) enquanto implementa sharding na primeira camada progressivamente.

Para quem não sabe, rollups são protocolos que processam transações off-chain (fora da cadeia principal) e depois registram um resumo/comprovante na Ethereum. Existem rollups otimistas (ex: Arbitrum, Optimism) e rollups de conhecimento zero (zk-rollups, ex: zkSync, StarkNet).

A visão é que usuários comuns interajam via rollups sem nem perceber. Isso, pois as carteiras podem encaminhar transações automaticamente para L2 mais barata, mantendo a segurança final da Ethereum.

Com o EIP-4844 já ativo, os custos para rodagens L2 diminuíram bastante, e a próxima etapa é o Danksharding completo. Este, por sua vez, dará ainda mais espaço para dados de rollups.

Note que ainda que, segundo Vitalik, quando o sharding estiver implementado, o Ethereum poderá alcançar até 100.000 transações por segundo em capacidade combinada (L1+L2). Isso seria um salto enorme frente às poucas dezenas atuais, e colocaria o Ethereum à frente de praticamente qualquer concorrente em throughput.

Originalmente, o Ethereum 2.0 previa 64 cadeias shard executando em paralelo para dividir a carga. Com os rollups funcionando bem, os shards do futuro possivelmente serão usados principalmente para armazenamento de dados de rollups. Isto é, não para executar transações de conta diretamente.

A implementação chamada Danksharding, por sua vez, vai simplificar o modelo para ter um conjunto unificado de shards de dados. Em vez de transações e estado nos shards, eles fornecerão “espaço” para que rollups postem seus dados de forma massiva e barata. Isso complementa os rollups, permitindo que as taxas fiquem baixíssimas mesmo com bilhões de usuários.

Adoção institucional e novos casos de uso

No horizonte também está uma maior adoção institucional e expansão dos casos de uso empresariais e governamentais da criptomoeda Ethereum. Nos últimos anos, inclusive, vimos bancos, bolsas e gigantes da tecnologia começarem a utilizar redes blockchain, como o Real Digital (DREX). Os exemplos mais notáveis incluem:

  • Mercado financeiro tradicional: em 2021, o Banco Europeu de Investimento (BEI) emitiu €100 milhões em títulos (bônus) utilizando o blockchain Ethereum, numa operação liderada por bancos como Goldman Sachs. Essa emissão de “bond digital” mostrou que até instituições tradicionais veem valor em usar Ethereum para liquidação mais rápida e transparente;
  • Governos e adoção oficial: embora criptomoedas ainda enfrentem escrutínio regulatório, há sinais de aceitação. Um exemplo disso é que, recentemente, foi reportado que o governo dos EUA cogita criar uma reserva estratégica de criptomoedas, incluindo Bitcoin e a criptomoeda Ethereum;
  • Empresas de tecnologia e finanças: plataformas de pagamento como a Visa também se integraram ao Ethereum. Em 2021, a empresa realizou seu primeiro settlement de pagamento em USDC — um stablecoin em Ethereum — diretamente na blockchain. Ou seja, a Visa liquidou transações sem passar por bancos tradicionais, usando Ethereum como trilho para movimentar o dinheiro;
  • Novos casos de uso emergentes: além dos já populares (DeFi, NFTs, games), espera-se o surgimento de mais casos de uso para Ethereum. Um campo animador é o de identidade descentralizada. Isto é, usar Ethereum para gerenciar identidades digitais, certificados, históricos escolares, etc., de forma que o usuário tenha controle. Algumas soluções, como projetos de Soulbound Tokens, propostos pelo próprio Vitalik estão ganhando forma.

Resumindo, o futuro da criptomoeda Ethereum aponta para integração com o mundo real e institucional. Ele tende a se tornar parte da infraestrutura financeira e digital global, seja diretamente ou via protocolos compatíveis. Isso trará mais legitimidade (e possivelmente estabilidade) ao ecossistema Ethereum.

Comparativo Ethereum x Bitcoin

Ethereum e Bitcoin são frequentemente comparados, pois são as duas criptomoedas mais valiosas e conhecidas. Porém, eles têm propostas e arquiteturas bem distintas, como já pontuamos neste artigo.

Como analogia, alguns chamam o Bitcoin de “ouro digital” e o Ethereum de “computador mundial”. A seguir, vamos explorar as diferenças técnicas e filosóficas e os casos de uso de cada um.

Diferenças técnicas e filosóficas

Características

Bitcoin

Ethereum

Objetivo do Projeto Ser uma moeda digital descentralizada concebido para ser uma plataforma programável
Smart Contracts Possui uma linguagem de script limitada, impedindo aplicações mais elaboradas Tem a EVM e contratos inteligentes, permitindo lógica arbitrária
Consenso Proof of Work Proof of Stake
Política monetária emissão decrescente (a cada 4 anos, a recompensa de mineração cai pela metade) Em períodos de alto tráfego, o Ethereum pode se tornar deflacionário
Teto máximo 21 milhões de BTC Não tem um limite fixo
Tempo de bloco e throughput Gera blocos aproximadamente a cada 10 minutos, e seu throughput é de aproximadamente 5-7 transações por segundo on-chain Gera blocos a cada 12 segundos, em média, com throughput em torno de 15-30 TPS na camada base (mas escalável via L2)
Desenvolvimento e governança Desenvolvimento intencionalmente lento e conservador. Não há liderança central clara Desenvolvimento mais ativo e “dirigido”. Vitalik Buterin e Ethereum Foundation têm influência significativa nas direções técnicas, embora ainda haja bastante discussão aberta

Em resumo, Bitcoin e Ethereum têm DNAs diferentes. Um nasceu para ser dinheiro sólido e permanece singularmente focado nisso. O foi criado para ser uma plataforma versátil e continua evoluindo seu escopo.

Não é que um seja melhor que o outro, eles apenas têm propósitos complementares. Muitos enxergam o Bitcoin como reserva de valor estável no longo prazo (a base). Já o Ethereum é comumente visto como infraestrutura para construir aplicações descentralizadas.

Casos de uso distintos

As diferenças técnicas levam a casos de uso distintos:

  • Bitcoin (BTC): amplamente usado como reserva de valor e ativo especulativo. Apelidado de “ouro digital”, é visto por investidores como um hedge contra inflação ou instabilidade de moedas fiduciárias, devido à sua escassez programada. Alguns países adotaram o Bitcoin como moeda legal (El Salvador, República Centro-Africana) – embora com controvérsias – e muitas pessoas em economias instáveis usam BTC para remessas internacionais ou proteção de patrimônio. O Bitcoin também é usado como meio de pagamento, mas devido às taxas e velocidade, isso ocorre mais via Lightning Network (uma rede de canais off-chain) para transações pequenas;
  • Ethereum (ETH): tem o caso de uso do Bitcoin (porque Ether também pode ser armazenado como investimento ou enviado como pagamento). Mas, além disso, suporta todos os usos da plataforma. Portanto, o ETH é utilizado para pagar taxas em interações DeFi, comprar NFTs, viabilizar DAOs, colateral em empréstimos, e também como dinheiro dentro de jogos e mundos virtuais. Ou seja, a criptomoeda Ethereum é tanto meio de troca dentro de seu ecossistema quanto combustível para a execução de aplicações. Com a expansão das L2, o ETH também circula nessas redes paralelas, mantendo seu papel central.
  • Uso conjunto: muitos investidores possuem BTC e ETH como posições complementares. Na prática, o BTC é usado pela segurança e escassez, enquanto o ETH pela versatilidade e potencial de crescimento com DeFi/Web3. No uso cotidiano, o Bitcoin é bem simples: ou você guarda, ou envia a alguém como pagamento. Já o Ethereum, você pode estar usando sem nem saber, seja interagindo com um app DeFi, fazendo swap de tokens, ou jogando um jogo.

Como comprar e armazenar Ethereum com segurança

Para quem decidiu investir ou adquirir a criptomoeda Ethereum, é fundamental saber como comprar e como armazenar com segurança. Embora o Ethereum em si seja uma rede segura, você deve tomar cuidados com os pontos de entrada e armazenamento, pois aí sim há riscos (como golpes, hackers, perda de senhas).

Melhores corretoras

A maneira mais simples de obter Ethereum é através de uma corretora de criptomoedas – plataformas online que facilitam compra e venda de ativos digitais usando moeda fiduciária (Real, Dólar, etc.).

Ao escolher uma corretora, considere fatores como segurança, liquidez, taxas e praticidade. Algumas das corretoras mais renomadas e utilizadas no mercado para comprar Ethereum incluem, entre outras:

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Tipos de carteiras (software, hardware, paper)

Uma carteira de criptomoedas (wallet) é essencialmente uma ferramenta — aplicativo ou dispositivo — que gerencia suas chaves. Isto é, o endereço, para recebimento, e a chave privada, que é uma senha secreta que dá acesso aos fundos.

O Ethereum usa um esquema de chaves similar ao Bitcoin. Isto é, quem detém a chave privada de um endereço, controla os ETH naquele endereço. Assim, guardar suas chaves com segurança é guardar seus Ether com segurança. Existem diferentes tipos de carteiras:

  • Carteiras de software (hot wallets): são programas ou aplicativos conectados à internet. São mais convenientes para uso diário, porém mais vulneráveis se o dispositivo for comprometido. (Ex: Best Wallet);
  • Carteiras frias (cold wallets): São chamadas assim por ficarem offline, oferecendo máxima segurança contra hackers online. (Ex: Ledger e Trezor);
  • Paper wallet: consiste basicamente em imprimir ou anotar a chave privada (ou seed) num papel físico e guardá-lo em local seguro​.

Resumindo, para armazenar a criptomoeda Ethereum com segurança:

  • Prefira carteiras não-custodiais, onde você controla a chave. Isso evita confiar em terceiros que podem sumir com seus fundos;
  • Faça backup das suas sementes e chaves em local seguro, offline. Considere redundância. Por exemplo, duas cópias em locais diferentes;
  • Use hardware wallet para holdings significativas. Elas são à prova da maioria dos ataques online conhecidos​;
  • Nunca digite sua frase de recuperação em nenhum site ou aplicativo que não seja o software legítimo da carteira. E, mesmo assim, apenas ao restaurar voluntariamente;
  • Mantenha seu dispositivo e aplicativos atualizados. Desconfie de plugins ou softwares desconhecidos no PC que possam ser malware tentando ler suas informações.

FAQs

O que é Ethereum

Expand

Trata-se de uma plataforma blockchain descentralizada que permite criar e executar contratos inteligentes e aplicativos descentralizados (dApps). Seu token nativo é o ETH, comumente usado para custear transações e impulsionar o ecossistema de DeFi, NFTs e outras inovações.

Qual a diferença entre Ethereum e Ether?

Expand

Ethereum é a rede blockchain e plataforma de contratos inteligentes. Já o Ether (ETH) é a moeda nativa usada para pagar taxas e transferir valor dentro dessa rede.

É seguro investir em Ethereum?

Expand

Sim. Do ponto de vista tecnológico, investir na criptomoeda Ethereum pode ser seguro. Contudo, vale saber que esse tipo de investimento, assim como os demais, envolve riscos financeiros.

Ethereum vai continuar crescendo?

Expand

É impossível prever com certeza absoluta o futuro. Todavia, muitos indicativos apontam que a criptomoeda Ethereum tem boas chances de continuar crescendo.

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Thiago Luiz Lapa
Thiago Luiz Lapa
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Thiago Luiz Lapa é jornalista com mais de 10 anos de experiência em comunicação. Além de atuar como analista, pesquisador e investidor em criptomoedas e finanças tradicionais, Thiago dedica-se a escrever sobre criptomoedas e tecnologia desde 2019. Em constante busca... Leia mais

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