Investidores, fiquem de olho. O cenário geopolítico e econômico está sinalizando potências emergentes no mercado cripto. E mais: as previsões podem surpreender.

Por exemplo, dificilmente se esperaria que o próximo polo cripto fosse emergir no Oceano Índico. Mas é exatamente isso o que está ocorrendo nas Maldivas.

Na semana passada, a nação anunciou uma joint venture de US$ 9 bilhões para implantar um hub focado em blockchain e ativos digitais: Maldives International Financial Centre.

A empresa MBS Global Investments, baseada em Dubai, está liderando o projeto. O centro terá 830 mil metros quadrados e ficará em Malé, capital das Maldivas.

Só para exemplificar, a meta é triplicar o PIB nacional e gerar emprego para mais de 16 mil pessoas.

Diante de um objetivo tão ambicioso, será que as Maldivas têm chance de se tornar a próxima capital cripto – quando várias outras nações estão disputando o mesmo título? Vamos dar uma olhada em alguns dos emergentes polos cripto globais.

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Singapura: o hub mais palatável no hemisfério oriental

Singapura não apenas assumiu a liderança na Ásia. Na verdade, o país estrategicamente se posicionou como o mais palatável hub cripto institucional no hemisfério oriental.

Em 2024, a nação aprovou 13 licenças para ativos digiais, o que representa mais do que o dobro do ano anterior. As beneficiadas foram exchanges como OKX e Anchorage, por exemplo, assim como empresas de infraestrutura como a GSR.

Dessa forma, atendeu a abastados formadores de mercado e hedge funds. Em outras palavras, Singapura não está atrás do hype, mas, sim, de profundidade de capital.

Project Guardian, liderado pela Monetary Authority of Singapore, também é mais do que uma sandbox. Trata-se de uma plataforma de testes para finanças tokenizadas, atraindo nomes como JP Morgan, DBS Bank e Standard Chartered. 

Não se tratam, portanto, de players nativos do setor de criptomoedas. São instituições sistêmicas que estão se reconfigurando sob a condução de Singapura. Nesse sentido, a clareza regulatória é apenas a superfície de um movimento mais profundo.

Nessa ‘rearquitetura financeira ‘, portanto, cripto não é uma indústria, mas sua essência.

O pool de talentos do país, sua infraestrutura e disciplina fiscal criam um ambiente de baixa volatilidade, no qual o capital se sente seguro, mas não sufocado.

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Hong Kong: o hesitante guardião do capital cripto

Antes vista como a fronteira cripto na Ásia, Hong Kong está, atualmente, presa em um espaço liminar: nem frio, nem suficientemente quente.

Seus ETFs de Bitcoin e Ether foram lançados com alarde. Porém, rapidamente esfriaram, atraindo apenas US$ 500 milhões em ativos. Ou seja, uma ninharia quando comparados aos US$ 120 bilhões obtidos por ETFs dos Estados Unidos, no mesmo período.

O problema não é técnico, mas, sim, estrutural e geopolítico. O apetite empreendedor que antes fez de Hong Kong a capital do risco na Ásia acabou esfriando, devido a uma série de fatores. Entre eles: atrasos regulatórios, pedidos de licenciamento da OKX e da Bybits retirados, e a ligação implícita ao posicionamento anti-cripto de Pequim.

Hong Kong só permite as moedas mais líquidas, BTC e ETH, barrando o acesso a mercados de altcoins – nos quais a inovação (e a especulação) naturalmente prosperam.

É um modelo idealizado para instituições financeiras já estabelecidas, e não em construção.

Dubai: onde o dinheiro do petróleo encontra a liquidez on-chain

Se Singapura fosse o estadista, e Hong Kong o burocrata, Dubai seria o pugilista: dando socos mais rápidos do que qualquer outro, sem esperar por permissão para fazer isso.

Os Emirados Árabes Unidos transformaram a política tributária, a geografia e a assimetria regulatória em um conjunto de ferramentas para garantir o domínio sobre os ativos digitais.

Dubai se tornou um centro gravitacional para baleias cripto, DAOs, fundações de tokens e fintechs africanas, devido à isenção de taxas, inexistência de controle de capital e modelo de licenciamento opcional por meio da VARA (Virtual Assets Regulatory Authority).

Se trata de um ecossistema em que o dinheiro do petróleo encontra a liquidez on-chain.

O papel da MBS Global no acordo das Maldivas não é coincidência. Na verdade, é Dubai exportando seu DNA financeiro, usando soft power e capital privado para implantar satellite hubs ao longo do Oceano Índico.

Reino Unido: desperdiçando a vantagem do pioneirismo

As ambições cripto de Londres no que diz respeito às criptomoedas começaram com alarde e confiança, por meio da narrativa ‘Global Britain ‘. No entanto, acabaram se tornando um exemplo de inércia regulatória.

O distrito financeiro de Londres ainda ostenta a maior concentração, na Europa, de talentos cripto, fundos de capital de risco e fintechs. Por outro lado, atrasos na legislação, supervisão fragmentada e o impacto do Brexit prejudicaram seu posicionamento estratégico.

O talento e a infraestrutura estão lá. Entretanto, a falta de assertividade regulatória está desviando a ambição cripto para hubs mais ágeis, como, por exemplo, Dubai e Singapura. Como alertou a liderança da Coinbase no Reino Unido, se você constrói muros em torno da inovação, ela simplesmente vai embora.

Enquanto isso, os Estados Unidos e a União Europeia avançam – um por meio de market gravity, o outro via coesão legislativa.

Maldivas: ‘trojan horse ‘ ou verdadeira concorrente?

As Maldivas estão diante de um débito de US$ 1,6 bilhão, com vencimento em 2026, em uma economia de US$ 7 bilhões. O hub cripto, portanto, é mais do que uma aposta econômica. É praticamente uma salvação.

Críticos argumentam que se trata de uma estratégia ingênua. Isso porque a nação tem uma presença mínima de fintechs, não conta com regulação cripto e tem uma população de menos de 600 mil pessoas.

Por outro lado, é um golpe de mestre quando se considera a situação geopolítica. O país está localizado estrategicamente entre Índia, Golfo Pérsico e Sudeste Asiático.

Além disso, conta com boas relações internacionais, tem uma postura neutra na guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos e mantém uma crescente proximidade com o Golfo Pérsico. Desse modo, oferece uma bela plataforma de lançamento para a riqueza da blockchain.

As conexões da MBS garantem o capital do Golfo, enquanto Dubai entrega o modelo. Se evitar corrupção interna e agilizar a regulação, além de garantir soberania digital aos investidores, as Maldivas podem se tornar uma espécie de ‘Mônaco cripto ‘.

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Daniela Lacerda's
Daniela de Lacerda

Daniela de Lacerda é jornalista e pesquisadora, mestra em comunicação. Há quatro anos atua como curadora de inovação em mídia, tecnologia e economia, incluindo o setor de criptomoedas. Como editora e repórter, trabalhou em grandes veículos de comunicação do Brasil,... Leia mais

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