Em uma era onde a conveniência digital exige frequentemente o sacrifício da privacidade, a questão da identidade online se torna fundamental. Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, emerge no debate com uma solução ousada para salvaguardar o pseudonimato e a liberdade individual.

Enquanto projetos como o Worldcoin avançam com a ideia de uma identidade digital única, Buterin propõe uma alternativa pluralista, tecida em uma rede de múltiplas identidades. Desse modo, desafia a unicidade imposta e busca preservar o direito à dissociação em um mundo cada vez mais conectado.

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A armadilha da identidade única e o perigo para a liberdade online

Para Vitalik Buterin, a noção de ter uma única identidade online, embora útil para certos propósitos, caracteriza um risco inerente. Ele critica a unicidade imposta por projetos como o Worldcoin, alertando que ameaça a liberdade individual.

Apesar do uso de ZK-proofs (provas de conhecimento zero) — tecnologias que garantem a humanidade do usuário sem divulgar seus dados –, Buterin aponta uma armadilha sutil: o apagamento do direito à dissociação.

Sua proposta ajudaria, inclusive, corretoras sem KYC a entrarem em conformidade regulatória, sem comprometer seu clientes.

No mundo real, o pseudonimato, frequentemente construído por meio da gestão de múltiplas contas e perfis, permite que as pessoas se expressem de diferentes formas, em contextos variados.

Com uma identidade digital única, esses perfis – profissional, ativista, pessoal – inevitavelmente se sobrepõem. As ‘máscaras’ caem, e tudo remete a uma única entidade rastreável.

Buterin exemplifica com o processo de vistos de estudante nos Estados Unidos, situação em que autoridades exigem visualizar perfis sociais individuais. Transformando, assim, uma simples brincadeira ou crítica em motivo para sanção.

Nesse cenário, sistemas de identificação única, mesmo criptografados, abrem caminho para a coerção sutil. Onde um governo poderia forçar alguém a revelar seu segredo, expondo toda a sua atividade online.

Portanto, um aplicativo que vincule todas as contas não precisaria de hacking. Bastaria obter uma confissão, o que seria uma ferramenta poderosa de vigilância.

Worldcoin: a miragem de um mundo com ‘Identidade Única’

O Worldcoin, projeto de Sam Altman, simboliza essa abordagem de identidade única. O sistema escaneia as íris dos usuários, criptografa seus dados e lhes entrega uma World ID, com o objetivo declarado de distinguir humanos de bots.

Vitalik Buterin até admira as provas ZK empregadas, reconhecendo a sofisticação tecnológica. No entanto, ele aponta um viés fundamental: o sistema, apesar de toda a criptografia, é estruturalmente de identidade única.

Por isso, o resultado são riscos persistentes de coerção, erros e criação de perfis em massa, o que não é meramente teórico.

Buterin argumenta que ‘se todo mundo tem uma única identidade, pode-se ser forçado a revelá-la’.

Em suma, um sistema com as melhores intenções, como a luta contra bots ou perfis falsos, pode se transformar em uma ‘gaiola dourada’ ou em uma ferramenta de vigilância disfarçada.

Essa preocupação ecoa entre os internautas, que questionam a viabilidade ergonômica de certos grafos sociais para o usuário médio.

Em um mundo onde o poder se concentra nas mãos de algumas plataformas, a questão fundamental, da qual o próprio Ethereum não escapa, é: quem controla sua identidade?

Visão pluralista de Vitalik Buterin: rede de identidades

Em contrapartida à imposição de um passe único para todos os serviços online, Vitalik Buterin propõe um ‘mosaico de identidades’. Esse sistema se compara a um guarda-roupa, onde os usuários podem trocar as ‘roupas’ (identidades) conforme a situação.

Esse conceito, denominado ‘identidade pluralista’, baseia-se em duas abordagens:

  • Explícita: cada pessoa é validada por outros membros de uma rede de confiança (como os ‘Circles’).
  • Implícita: a identidade é construída pela combinação de diferentes provas (como passaporte, redes sociais diversas, múltiplos logins etc.).

Esse modelo pluralista torna a fraude mais cara, sem excluir os mais pobres. A ideia de Vitalik Buterin para o Ethereum é permitir ‘N identidades, mas a um custo crescente de N²’. Isso estabeleceria um equilíbrio entre acessibilidade e proteção, evitando abusos massivos.

Por exemplo, ter três identidades custaria nove vezes mais esforço do que uma única, desencorajando a proliferação excessiva, sem proibir a diversidade.

Caso ocorra um hack em um fornecedor de identidade, o usuário teria outras identidades. Em caso de invalidez biométrica, um passaporte serviria como backup.

Em resumo, a ideia é que o sistema pluralista permita medidas naturais de apoio, tolere erros, proteja os excluídos e, crucialmente, impeça que um único ator detenha 100% do mercado de identidade.

Se a participação deles no mercado se aproxima de 100%, o mundo caminha para um modelo único com propriedades desastrosas, insiste Vitalik Buterin.

A segurança digital não é mais um luxo. Com bilhões de senhas ligadas a gigantes como Apple, Google e Facebook vazando em um único incidente, repensar a identidade online é imperativo.

A escolha, segundo Buterin, não é mais entre eficiência e liberdade, mas entre um conforto imposto e um controle compartilhado sobre o que define quem somos no ambiente digital.

 

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Thiago Venturini
Thiago Venturini

Thiago Venturini é graduado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Trabalho 3 anos como repórter científico cobrindo temas sobre ciência e tecnologia. Gosta de descobrir projetos em fase mbrionária e revalar ao público mais amplo. Seu encontro com... Leia mais

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