O ex-CEO da corretora FTX Sam Bankman-Fried foi transferido para a Califórnia, após entrevista não autorizada no presídio em que se encontrava. Mas será que há algo maior em jogo, por trás dessa medida?

O antigo garoto-propaganda do setor cripto, hoje criminoso condenado, voltou às manchetes. Dessa vez, no entanto, não se trata de dramas judiciais ou colapso de exchange.

O motivo é sua transferência para um notório presídio de Los Angeles, que já abriou criminosos como Al Capone e Charles Manson.

Bankman-Fried foi realocado para o Terminal Island Federal Correctional Institution, conhecido como Prison by the sea (ou seja, algo como prisão à beira-mar, em português).

Ele cumpre pena de 25 anos por uma das maiores fraudes financeiras na história contemporânea.

Por dentro do presídio Terminal Island

Teoricamente, Terminal Island é um presídio de baixa segurança. Porém, apesar de sua localização costeira, próxima de Hollywood, não estamos falando de um country club para criminosos de colarinho branco.

Situada em uma área isolada entre o Porto de Los Angeles e o Pacífico, a unidade ficou famosa por abrigar alguns dos mais notórios criminosos ao longo das últimas décadas.

Isso inclui, por exemplo, o mafioso Al Capone e o líder de seita Charles Manson. Recentemente, recebeu o ex-COO da Theranos Ramesh Sunny Balwani.

Atualmente, há 1.000 presos homens no local. A maioria cumpre pena por crimes federais de colarinho branco e contravenções ligadas a drogas ou a imigração.

As celas são apertadas e têm beliches duplos. Além disso, apesar da classificação de baixa segurança, a vigilância é rigorosa.

Segundo um relatório sobre as condições do presídio Terminal Island, de 2022, a unidade necessitava de projetos no valor de US$ 100.000.000. Porém, esse orçamento não estava disponível. A avaliação foi feita pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Presídio onde está Sam Bankman-Fried

Presídio onde está Sam Bankman-Fried

 

Os detentos cumprem uma rígida rotina, com trabalho obrigatório, refeições em horários fixos e o mínimo de privacidade.

Fontes familiares com o presídio descrevem o lugar como um ambiente em que a monotonia institucional encontra a ameaça silenciosa.

Em outras palavras, isso quer dizer que é um presídio menos violento do que unidades de alta segurança. Porém, ainda assim, um lugar em que alianças, ordens hierárquicas e regras tácitas comandam a rotina diária.

O lazer inclui acesso a uma biblioteca básica, privilégios limitados de e-mail e pátios de recreação supervisados. O que realmente define Terminal Islands, no entanto, é seu clima de infâmia decadente. Assim como o peso psicológico de ser colocado entre homens que fizeram história ou tentaram trapaceá-la.

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Qual o jogo por trás da entrevista e da transferência de presídio?

No caso de Sam Bankman-Fried, a ida para o presídio Terminal Island não se trata, no entanto, de mais uma transferência entre um presídio e outro.

Há rumores de que é uma mudança estratégica, seguindo uma série de movimentos audaciosos do destronado líder cripto. Ao que parece, ele está orquestrando um bizarro arco de redenção por trás das grades.

Semanas antes da transferência, Sam Bankman-Fried chocou o público ao dar uma entrevista para Tucker Carlson, não autorizada pelo U.S. Bureau of Prisons (BOP), que segue rígidos protocolos para interações com detentos. A entrevista pode ter sido feita por meio de um telefone contrabandeado.

Como resultado, Bankman-Fried foi parar na solitária. Mas isso não o deteve. Inclusive, parece fazer de uma estratégia mais ampla.

Documentos vazados do Google Docs, de dias antes da sentença, revelam planos para reabilitar sua imagem por meio da mídia conservadora.

Um dos pontos destaca literalmente: participar do programa do Tucker Carlsen [sic], assumir-se como republicano e anti-woke. Um erro de digitação e uma estratégia digna de um roteiro da Netflix.

Timing é tudo menos aleatório

O momento da entrevista e da transferência de presídio parece conveniente. Isso porque Donald Trump está de volta como presidente dos Estados Unidos e tem uma longa história de perdões presidenciais para aliados políticos convenientes.

Em outras palavras, Bankman-Fried parece ter se realinhando como um mártir simpatizante do MAGA, tentando mudar a imagem de vilão cripto para um whistleblower libertário e mal compreendido.

Nesse sentido, ele alegou, durante a entrevista com Carlson, que seu império de US$ 15 bilhões poderia reembolsar integralmente os usuários prejudicados. Com isso, tentou ignorar a realidade brutal de sua ordem de restituição no valor de US$ 11 bilhões.

Ele minimizou as condenações de ex-associados na FTX – Caroline Ellison, Ryan Salame, Gary Wang —, classificando-as como teatro político. Desse modo, se apresentou sutilmente como um homem honesto no meio de um sistema manipulado por promotores.

Agora, alocado em Terminal Island, longe do frenesi da mídia no Brooklyn, mas ainda perto o suficiente do coração político da Califórnia, Bankman-Fried está preparando seu próprio movimento.

Se é o começo de uma tentativa de perdão ou apenas mais uma ilusão de um líder decaído, uma coisa é certa: Bankman-Fried ainda tem muito o que dizer. E essa história, portanto, está bem longe do fim.

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Daniela Lacerda's
Daniela de Lacerda

Daniela de Lacerda é jornalista e pesquisadora, mestra em comunicação. Há quatro anos atua como curadora de inovação em mídia, tecnologia e economia, incluindo o setor de criptomoedas. Como editora e repórter, trabalhou em grandes veículos de comunicação do Brasil,... Leia mais

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