A Coreia do Sul está prestes a lançar uma das iniciativas mais ambiciosas do mercado global de stablecoins.

Oito dos maiores bancos comerciais do país uniram forças para criar uma stablecoin lastreada no won sul-coreano, batizada informalmente de ‘K-Won’.

A proposta, que será testada em 2026, representa um passo decisivo na tentativa do país de retomar o controle sobre sua soberania monetária digital, diante do avanço de stablecoins estrangeiras como USDT e USDC.

O projeto é coordenado pela Open Blockchain & DID Association e conta com a supervisão direta da Financial Supervisory Service (FSS), o equivalente à CVM coreana.

Megabancos se unem para conter o domínio do dólar no mercado cripto

A decisão de criar uma stablecoin nacional ocorreu devido a dados alarmantes.

No primeiro trimestre de 2025, o volume de transações envolvendo stablecoins atreladas ao dólar chegou a impressionantes ₩56,95 trilhões (US$ 41,6 bilhões).

Esse montante é o triplo em relação ao terceiro trimestre de 2024.

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Diante disso, os bancos KB Kookmin, Shinhan, Woori, NH Nonghyup, Industrial Bank of Korea, Suhyup, Citibank Korea e Standard Chartered First Bank decidiram formar um consórcio para recuperar o protagonismo do won nas transações digitais.

Uma fonte bancária resumiu o clima:

Há um sentimento compartilhado de que, se as coisas continuarem assim, as stablecoins estrangeiras podem dominar o mercado doméstico.

Modelo dual busca reconquistar confiança após colapso da Terra

Para evitar os erros do passado — especialmente o impacto devastador do colapso da Terra-Luna em 2022, que teve origem no país — o consórcio optou por uma abordagem cautelosa e estruturada.

O modelo adotado prevê duas modalidades distintas:

  1. Stablecoin com lastro em fundos de clientes mantidos sob custódia fiduciária (escrow);
  2. Stablecoin diretamente lastreada nos depósitos on-chain mantidos pelos próprios bancos emissores.

Esse sistema dual tem o objetivo de testar a escalabilidade e reconstruir a confiança do público. Esta foi profundamente abalada pela experiência anterior com projetos de baixa transparência.

Banco Central aprova, mas com moderação

O Banco da Coreia (BOK) adotou uma postura de apoio cauteloso.

Em declaração oficial, o vice-governador Ryoo Sang-dai afirmou que ‘é desejável que, inicialmente, apenas os bancos — e não entidades não bancárias — possam emitir stablecoins lastreadas no won’.

Contudo, têm-se a posição do banco central como estratégica.

Ao permitir que instituições financeiras altamente regulamentadas liderem o processo, o país evita repetir os erros de descentralização sem supervisão, como no caso da Terra.

A aprovação final do projeto dependerá da avaliação de riscos conduzida pela FSS, e da conformidade com a futura Digital Asset Act.

Esta deve oficializar os parâmetros de transparência, auditoria e segurança desses ativos digitais.

Competição regional: Coreia do Sul quer recuperar protagonismo frente a Japão e Europa

A iniciativa surge em um contexto de competitividade global no setor de stablecoins.

O Japão já lançou o Progmat Coin com o apoio de seus principais bancos, enquanto a União Europeia implementou o marco regulatório MiCA, abrindo caminho para stablecoins indexadas ao euro.

Embora alguns vejam a proposta coreana como uma resposta defensiva, outros analistas apontam que o K-Won pode ganhar força regionalmente, especialmente em setores como games, música pop (K-pop), e remessas internacionais.

K-Won pode se tornar pilar da futura moeda digital do país

Caso o piloto previsto para 2026 tenha sucesso, espera-se que a stablecoin se integre a aplicativos bancários, sistemas de pagamento digital e operações de liquidação interbancária.

Sobretudo, os casos de uso iniciais incluirão transferências entre pessoas (P2P), remessas e integração com plataformas de e-commerce.

Por fim, o modelo também poderá servir de base para o desenvolvimento do CBDC sul-coreano, o won digital emitido diretamente pelo Banco Central.

Como resultado, fortaleceria a soberania monetária em um cenário de digitalização acelerada.

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Daniela de Lacerda
Daniela de Lacerda

Daniela de Lacerda é jornalista e pesquisadora, mestra em comunicação. Há quatro anos atua como curadora de inovação em mídia, tecnologia e economia, incluindo o setor de criptomoedas. Como editora e repórter, trabalhou em grandes veículos de comunicação do Brasil,... Leia mais

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