O Banco Central (BC) está avaliando se a Selic atual é suficiente para conter a inflação nesse momento de incerteza. Como será que a guerra tarifária global vai impactar a taxa de juros no Brasil?
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, defende a Selic. Por outro lado, senadores brasileiros consideram que os juros altos impedem o desenvolvimento econômico produtivo, favorecendo, assim, a especulação financeira.
Galípolo participou de reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na última terça-feira (22/4).
A Selic é a taxa de juros básicos da economia. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa subiu um ponto percentual. Como resultado, chegou a 14,25% ao ano
Você deve tentar segurar a economia, frear um pouquinho a economia, para que essa pressão inflacionária não vire uma espiral, afirmou Galípolo.
Segundo Galípolo, a economia brasileira passa por um “dinamismo excepcional”. Como resultado, isso está pressionando a inflação para além da meta, o que leva a instituição a elevar a taxa de juros, restringindo a atividade econômica brasileira.
O presidente do BC explicou que a inflação acima da meta está bastante disseminada. Consequentemente, o papel do BC é ser o chato da festa.
Em depoimento reproduzido pela Agência Brasil, ele declarou, ainda, que o BC está migrando para um patamar restritivo, e que a instituição está tateando esse ajuste.
O impacto da guerra tarifária global
Gabriel Galípolo destacou, ainda, que a guerra tarifária global pode contribuir para manutenção das altas taxas de juros no Brasil.
No início de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou as tarifas de importação para todos os parceiros comerciais, incluindo o Brasil.
Apesar de Trump ter dado uma trégua de 90 dias para a implantação do tarifaço, o anúncio da medida já gerou um caos global, afetando a economia de vários países.
Estamos em um ambiente de elevada incerteza, tanto sobre o que deve ocorrer, quanto sobre quais são as consequências da aplicação das tarifas, afirmou Galípolo.
Ele destacou que, para uma economia emergente como a brasileira, o cenário internacional tem um peso maior do que para as economias avançadas.
Por conta disso, segundo ele, muitas vezes cabe ao BC responder com aumento do prêmio [juros], em função de um momento de aversão ao risco.
Porém, o presidente do Banco Central sugeriu que, mesmo diante das incertezas provocados pelo tarifaço, o Brasil pode se tornar um destino seguro para investimento.
Isso se deve, segundo ele, à diversificação da pauta comercial brasileira, que não é tão dependente dos Estados Unidos, e ao maior peso do mercado doméstico para o conjunto da economia.
Galípolo disse que o país sente o impacto da guerra tarifária. Porém, em comparação com os pares, pode ser uma economia que se destaque positivamente. Tanto pela diversificação nas relações comerciais, como pela relevância do mercado doméstico.
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Críticas à taxa de juro no Brasil
De acordo com a Agência Brasil, alguns senadores criticaram a atual política monetária do país, ao comparar as taxas de juros brasileiras com as de outros países.
Foi o que fez, por exemplo, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Ele disse que vem do setor da indústria, e que esse setor está padecendo muito com essas taxas de juros, assim como o setor de serviços, do comércio e do agro.
Paralelamente, o senador Cid Gomes (PSDB-CE) afirmou que há uma pequena minoria que ganha com esses juros – no caso, os agentes do mercado financeiro. Ele afirmou que uma margem de lucratividade de 10% é uma mamata.
Segundo Gomes, o BC deveria recorrer a outras ferramentas para controlar a inflação no país. Ele citou, por exemplo, a venda de dólares do mercado, para assegurar o valor dessa moeda, que também pressiona a inflação.
De acordo com a consultoria Moneyou, o Brasil tem a quarta maior taxa de juros do mundo. À sua frente, Turquia, Argentina e Rússia.
Reformas na política monetária
Por sua vez, Gabriel Galípolo, argumentou que taxas de juros mais elevadas no Brasil, se comparada com outros países, se devem a bloqueios que impedem que os juros altos tenham o efeito desejado de controlar a inflação.
Para mudar essa realidade, ele sugeriu reformas que não seriam de responsabilidade apenas da autoridade monetária do país, como a redução dos juros para as famílias.
Ele destacou que as famílias pagam muitas vezes mais do que a taxa Selic, e têm uma sensibilidade baixa às alterações na política monetária, considerando a que a taxa de juros que pagam é tão mais elevada.
Talvez existam alguns canais entupidos de política monetária, o que acaba demandando doses do remédio mais elevadas para que você consiga atingir o mesmo efeito, ressaltou Galípolo.
Por fim, Galípolo defendeu a importância de regular instituições financeiras que, diferentemente dos bancos tradicionais, tem regras mais brandas para seu funcionamento.
Ele disse que é mais simpático a criar uma isonomia regulatória, alcançando de maneira mais homogênea e isonômica os diversos agentes e atores.
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