A Circle, emissora da stablecoin USDC, protagonizou um evento singular no mercado de ações. Em apenas três dias de negociação na bolsa, suas ações CRCL dispararam 347%, atingindo uma máxima recorde de US$ 138,57.
Esse desempenho meteórico, que quadruplicou o valor da empresa desde o preço de oferta do IPO, de US$ 31, demonstra o forte interesse, tanto institucional quanto do varejo.
A alta demanda por CRCL é palpável: investidores movimentaram quase 37 milhões de ações na segunda-feira (09/06). Indicando, desse modo, que o volume total de negociação pode ultrapassar os 60,7 milhões registrados na sessão de sexta-feira (06/06).
Interesse institucional: de SBI Holdings a ARK Invest
O apetite institucional pela Circle é um fator determinante por trás de sua ascensão. A gigante japonesa SBI Holdings confirmou um investimento de US$ 50 milhões na empresa.
A SBI Holdings afirmou, em comunicado, ter garantido ‘uma das maiores alocações de ações da Circle’, devido à forte demanda de diversos investidores institucionais.
No dia da estreia da Circle, a ARK Invest, liderada por Cathie Wood, realizou um movimento estratégico notável. A gestora vendeu ações de empresas como Robinhood, Coinbase e Block, por exemplo, para adquirir 4,48 milhões de ações CRCL.
Atualmente, os principais ETFs da ARK detêm um mais de 4,4 milhões de ações CRCL. Assumindo que a ARK tenha comprado as ações em seu IPO por US$ 31, a empresa acumula impressionantes 281% de lucros, ou seja, cerca de US$ 524 milhões.
Além desses grandes players, outros sinais de intenso interesse institucional emergem. A ProShares apresentou um pedido à SEC para oferecer um ETF Ultra CRCL, um fundo alavancado que visa duplicar os ganhos da ação.
Por outro lado, a Bitwise lançou o Bitwise CRCL Option Income Strategy ETF, gerando renda para os investidores pela venda de opções de compra sobre ações da CRCL.
O lançamento desses ETFs indicam uma busca ativa por exposição à Circle através de diferentes estratégias de investimento.
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O desafio das taxas de juros
Apesar do entusiasmo, a Circle enfrenta um desafio particular: a maior parte de sua receita deriva dos juros gerados sobre o dinheiro que lastreia suas stablecoins. Ou seja, sempre que ocorre corte nas taxas de juros, isso afeta o balanço financeiro da empresa.
Analistas preveem que o Federal Open Markets Committee (FOMC), dos Estados Unidos, pode anunciar um corte de juros de 25 pontos-base após a reunião de 17 de setembro, conforme a CME FedWatch Tool.
Isso pode impactar o EBITDA da Circle em US$ 100 milhões, para 2026. O analista da FundStrat, Sean Farrell, observa que, embora a Circle opere em um mercado de crescimento exponencial, ela não é líder de mercado e não controla a distribuição, sendo ‘alavancada pelas taxas de juros’.
Ele sugere que, em um cenário de queda de juros com aumento da adoção de stablecoins, investidores poderiam se beneficiar mais de criptoativos líquidos.
Dessa forma, ações diretamente atreladas aos preços das criptomoedas também teriam vantagem, e não empresas como a Circle, cuja rentabilidade é sensível à política monetária.
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