Um grupo de legisladores franceses apresentou uma proposta que pode transformar o setor energético do país: utilizar a mineração de criptomoedas, especificamente o Bitcoin, como ferramenta para reduzir o desperdício de energia e aumentar a estabilidade da rede elétrica nacional.
A ideia é reaproveitar a eletricidade excedente — que hoje gera perdas estimadas em €80 milhões — para gerar valor econômico por meio da mineração.
Energia desperdiçada pode virar ganho econômico
A proposta foi submetida à Assembleia Nacional da França em 12 de junho e solicita uma análise oficial sobre a viabilidade de integrar a mineração de Bitcoin e outras criptomoedas ao sistema energético nacional.
Em suma, o foco está na utilização da energia excedente produzida principalmente por usinas nucleares. Estas são responsáveis por mais de 70% da matriz elétrica francesa — que frequentemente enfrentam sobrecarga de produção.
Os parlamentares argumentam que a mineração de BTC, por sua natureza altamente intensiva em energia, pode servir como um “consumidor flexível” de energia.
Por meio de operações descentralizadas e adaptáveis, os mineradores poderiam ser acionados em momentos de pico de produção e desligados rapidamente quando necessário, sem causar desequilíbrio na rede.
Num momento em que a França busca otimizar a gestão de seu excedente de eletricidade — principalmente de fontes nucleares ou renováveis — a mineração de BTC oferece características técnicas únicas, diz um trecho da proposta traduzida.
Proposta inclui centros regulados de mineração de baixo carbono
Entre os pontos levantados na proposta, os legisladores destacam a localização das instalações de mineração de criptomoedas. Estas poderiam operar perto de usinas ou em áreas industriais desativadas, aproveitando-se da infraestrutura já existente.
Assim, o calor gerado pelos equipamentos poderia até mesmo ser reciclado para aquecer residências ou indústrias próximas.
Sugeriu-se também a criação de centros regulados de mineração de baixo carbono, alinhando a iniciativa aos compromissos de descarbonização da França.
Os autores acreditam que o plano pode impulsionar a inovação e gerar novos empregos. Ao mesmo tempo, ajudaria o país a reduzir desperdícios e melhorar a segurança energética.
France lost €80M in 2024 due to… excess electricity.
It's such a missed opportunity for Bitcoin mining.
The French grid operator is already warning about potential challenges in 2025.
This situation presents a compelling case for Bitcoin mining in France, for several key…
— Raphaël Bloch 🐳 (@Raph_Bloch) April 17, 2025
Tendência global: mineração de criptomoedas como ferramenta estratégica
Além disso, a iniciativa francesa não é a única. Ela reflete uma tendência crescente em países que veem a mineração de criptomoedas como uma forma estratégica de equilibrar a oferta e demanda de energia, evitar desperdícios e incentivar o desenvolvimento tecnológico.
Mais cedo neste ano, o presidente de Belarus instruiu seu governo a estudar como a mineração cripto poderia ser útil para consumir o excedente energético do país.
Já no Paquistão, o conselho nacional de criptoativos anunciou planos semelhantes. Entre eles, alocar 2.000 megawatts exclusivamente para operações de mineração de BTC e data centers de inteligência artificial.
How the idea that "less energy consumption is good" formed.
Why it's wrong.
Why Bitcoin mining's unique type of energy consumption is critical to energy affordability and energy abundance.
(full video link in comments) pic.twitter.com/u6WMXNF2kB
— Daniel Batten (@DSBatten) May 22, 2025
Por fim, Daniel Batten, pesquisador especializado em mineração cripto, argumenta que essas movimentações revelam um reconhecimento crescente do papel único da mineração como forma de consumo energético flexível.
De acordo com ele, a prática é fundamental para tornar a energia mais acessível e sustentável.
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