O valor do Bitcoin chegou a recuar brevemente para abaixo dos US$ 100 mil na segunda-feira (23/06), após o Irã realizar ataques contra bases militares dos Estados Unidos no Catar.
Embora tenha recuperado terreno e voltado à faixa dos US$ 108 mil até quarta-feira, o sentimento nos mercados de derivativos de BTC passou a refletir maior cautela.
A percepção é de que os traders estão menos confiantes na continuação da tendência de alta. Contudi, há fundamentos concretos por trás desse temor de uma correção mais acentuada?
Taxas de financiamento negativas em futuros sinalizam desconfiança
Na quarta-feira, a taxa anualizada de financiamento dos contratos perpétuos de Bitcoin atingiu o menor nível em sete semanas, segundo dados do Laevitas.ch.
Em condições normais de mercado, é comum que posições compradas (long) paguem para manter alavancagem, de modo que taxas negativas são raras. Especialmente em meio a uma alta recente no preço, como a vista com o retorno a US$ 108 mil.
Esse movimento sugere que, por trás da alta pontual, há sinais de enfraquecimento da demanda por posições alavancadas. O fenômeno pode ser parcialmente explicado pela crescente tensão no comércio internacional, agravada por uma guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos em abril.
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Acordos temporários foram firmados, mas alguns estão prestes a expirar — incluindo o pacto com a zona do euro, que vence em 9 de julho.
A instabilidade nas políticas comerciais dos EUA, particularmente sob a liderança do presidente Donald Trump, também contribui para o nervosismo.
Segundo uma análise publicada pelo Washington Post, o governo já realizou mais de 50 alterações em sua política tarifária desde o início do mandato. Isto, por sua vez, reforça a percepção de risco entre os investidores.
Dados fracos da economia e hype da IA geram mais pressão sobre o valor do Bitcoin
Outro fator que aumentou a apreensão nos mercados foi a divulgação de dados negativos sobre a economia dos EUA. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve uma queda de 0,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme os dados oficiais finais publicados na quinta-feira.
A contração foi atribuída, sobretudo, a um déficit comercial elevado, impulsionado pelo aumento de estoques das empresas norte-americanas diante da expectativa de novas tarifas.
Apesar desse cenário, muitos traders de Bitcoin demonstram frustração ao ver que o índice Russell 2000 — que reúne ações de empresas menores nos EUA — atingiu a máxima em quatro meses, enquanto o BTC permanece abaixo dos US$ 112 mil.
Em suma, para analistas, o Bitcoin ainda é amplamente tratado como um ativo de risco. Além disso, o receio de uma bolha alimentada por gastos excessivos em inteligência artificial tem atuado como um teto para a valorização da criptomoeda.
De acordo com a Gartner Consulting, grande parte dos projetos envolvendo IA generativa ainda está em estágio inicial ou se resume a provas de conceito.
A empresa observou que muitos desses projetos são impulsionados por hype e frequentemente aplicados de maneira equivocada, conforme publicado pelo Yahoo Finance. Diante desse cenário, é natural que investidores adotem uma postura mais conservadora e realizem lucros acima dos US$ 105 mil.
Mineração menos lucrativa e venda de reservas aumentam o risco
Ademais, um novo elemento de preocupação surgiu após a Bit Digital (BTBT), empresa de mineração de Bitcoin com ações listadas na Nasdaq, anunciar a venda de suas operações de mineração e de suas reservas em BTC para investir em Ethereum.
Até 31 de março, a empresa possuía 24.434 ETH e 417,6 BTC em seus balanços.
Essa mudança estratégica levantou o temor de que outras empresas do setor possam seguir o mesmo caminho, optando por liquidar parte de seus ativos em BTC.
O alerta ganha ainda mais relevância diante da queda na rentabilidade da mineração de Bitcoin, que atingiu o menor nível em dois meses, segundo relatório da CryptoQuant.
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