O Banco de Compensações Internacionais (BIS) divulgou um relatório incisivo declarando, que as stablecoins falham em se qualificar como dinheiro verdadeiro.

O documento, revelado na última terça-feira (24/6), argumenta que esses ativos não atendem a três pilares essenciais para um arcabouço monetário robusto:

  • Singularidade.
  • Elasticidade.
  • Integridade.

Quais são as falhas, segundo o BIS?

Os autores do relatório do BIS, também conhecido como o ‘banco central dos bancos centrais’, sublinham que stablecoins, como o USDT, possuem limitações inerentes ao seu design.

Diferentemente das reservas de bancos centrais, que podem se expandir ou contrair para atender às demandas econômicas, as stablecoins exigem uma reserva prévia para emissão.

Essa restrição rígida de ‘dinheiro antecipado’ sufoca sua elasticidade. Desse modo, impede-as de se ajustar às necessidades do mercado, como a moeda tradicional.

Além disso, o princípio da ‘singularidade’ monetária – por meio do qual o dinheiro emitido por diferentes instituições é universalmente aceito sem questionamentos – é minado pela natureza centralizada dos emissores de stablecoins.

Cada emissor opera com padrões distintos, levando a ativos que podem ser negociados a taxas de câmbio flutuantes. Esse tipo de situação é comparado, no relatório, à era fragmentada das notas bancárias privadas do século 19 nos Estados Unidos.

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BIS
Notas bancárias privadas emitidas, sem controle rigoroso, nos EUA do século 19. Fonte: Stanford Graduate School of Business

A integridade, o terceiro pilar, também se mostra frágil. O BIS aponta que nem todos os emissores de stablecoins aderem a rigorosos protocolos de combate à lavagem de dinheiro (AML) ou de ‘conheça seu cliente’ (KYC).

Essa questão levanta preocupações sobre a vulnerabilidade dessa categoria a crimes financeiros.

Por isso, o BIS alerta que uma adoção generalizada poderia erodir a soberania monetária governamental, possivelmente via ‘dolarização furtiva’, e exacerbar riscos à estabilidade financeira global.

Reconhecimento da utilidade e promessa de tokenização

Apesar das críticas, o BIS reconhece a atratividade das stablecoins. Sua programabilidade, pseudoanonimato e acessibilidade oferecem vantagens inegáveis. Especialmente em regiões com alta inflação, controles de capital ou acesso restrito a contas em dólar.

Para pagamentos transfronteiriços, sua vantagem tecnológica promete transações mais rápidas e custos reduzidos, por exemplo. Além disso, esses ativos também atuam como canais vitais para entrar e sair do ecossistema de criptomoedas. Dessa forma, consolidam seu nicho no cenário financeiro.

Contudo, o BIS sustenta que as stablecoins não podem substituir o dinheiro em espécie tradicional, nem servir como base do sistema monetário do futuro. Para o banco, o papel dessas moedas, embora significativo, permanece periférico.

A publicação do relatório coincidiu com uma forte reação do mercado: as ações da Circle, emissora do USDC, caíram mais de 15% na terça-feira (24/6). Contrastando com o recorde de US$ 299 atingido na segunda-feira (23/6), após seu IPO, por cerca de US$ 32.

Por outro lado, olhando para o futuro, o BIS adota um tom otimista em relação à tokenização. O banco saudou essa tecnologia como uma ‘inovação transformadora’ e capaz de revolucionar tudo, desde pagamentos internacionais até mercados de títulos.

Como resultado, plataformas ancoradas por reservas de bancos centrais, dinheiro de bancos comerciais e títulos governamentais poderiam pavimentar o caminho para um sistema financeiro de próxima geração.

Portanto, embora as stablecoins possam não assumir o manto de dinheiro, sua tecnologia aponta para um futuro onde ativos digitalizados remodelam as finanças globais.

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Thiago Venturini
Thiago Venturini

Thiago Venturini é graduado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Trabalho 3 anos como repórter científico cobrindo temas sobre ciência e tecnologia. Gosta de descobrir projetos em fase mbrionária e revalar ao público mais amplo. Seu encontro com... Leia mais

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