A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) recuou em seu posicionamento contra empresas cripto, com exceção da ação que envolve a Ripple (XRP).
A SEC encerrou ou pausou mais de doze processos desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo em 20 de janeiro e nomeou o comissário Mark Uyeda como presidente interino.
Mais recentemente, a SEC anunciou a decisão de encerrar os processos contra Kraken, ConsenSys e Cumberland DRW.
Isso marcou uma mudança significativa na abordagem da agência, que passou do modelo de “regulação por imposição”, usado sob o ex-presidente Gary Gensler, para um modelo mais amigável ao universo cripto e à inovação sob o governo Trump.
Em meio a essa mudança importante, o XRP ainda enfrenta incertezas jurídicas, já que o processo da SEC contra a Ripple segue sem resolução.
Fim de casos contra criptomoedas pela SEC
Nos últimos três meses, a SEC arquivou quase todos os seus processos pendentes contra empresas de criptomoedas.
Mais importante ainda, a agência tem encerrado essas ações com prejuízo, o que torna as decisões finais e impede novos processos sobre os mesmos casos.
As três dispensas mais recentes incluíram:
- Kraken: a SEC arquivou as acusações contra a exchange, que havia sido acusada de violar leis de valores mobiliários ao operar sem registro e misturar fundos.
- ConsenSys: a comissão deixou o processo contra a empresa de tecnologia blockchain em relação à carteira MetaMask. A acusação alegava oferta e venda não registrada de valores mobiliários por meio das funções MetaMask Staking e MetaMask Swaps.
- Cumberland DRW: a SEC encerrou o processo contra a empresa de trading cripto, que foi acusada de atuar como corretora de valores não registrada e vender mais de US$ 2 bilhões em títulos não registrados, incluindo SOL, ATOM e FIL.
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Esses encerramentos, segundo a SEC, “vão facilitar os esforços contínuos da Comissão para reformar e renovar sua abordagem regulatória ao setor cripto”.
Mudanças na regulação cripto dos EUA
Desde que Trump retornou à Casa Branca, sua administração iniciou diversas reformas regulatórias no setor cripto.
Entre elas está a assinatura da ordem executiva intitulada “Fortalecendo a Liderança Americana em Tecnologia Financeira Digital”. Essa ordem visa posicionar os EUA como líderes em inovação blockchain e cripto.
A iniciativa garante também o direito de acesso a redes blockchain. Além disso, ela promove stablecoins atreladas ao dólar, proíbe o lançamento de moedas digitais do banco central (CBDC) e promete clareza regulatória.
Por outro lado, a SEC sob Mark Uyeda revogou a norma controversa que impunha exigências contábeis rígidas a empresas que detinham criptomoedas. Isso resultou de uma força-tarefa dedicada ao setor para formular políticas pró-inovação.
Agora, a SEC tem se envolvido com o setor por meio de mesas-redondas e grupos de trabalho com foco em criar regulamentações “transparentes e práticas” para o mercado cripto dos EUA.
Paul Atkins, nomeado por Trump para presidir a SEC, também prometeu “fornecer uma base regulatória firme para ativos digitais com uma abordagem racional, coerente e baseada em princípios”.
Caminho livre para IPO da Kraken após decisão da SEC
Em meio a essa transformação regulatória, a Kraken agora planeja abrir capital. Rumores sobre o IPO da exchange já circulavam há algum tempo, mas com o encerramento do caso na SEC, a expectativa é que a empresa finalmente dê esse passo.
Segundo a Bloomberg, o IPO pode ocorrer já no primeiro semestre de 2026. A empresa também estaria explorando a captação de aproximadamente US$ 1 bilhão em títulos de dívidas.
Assim, se o IPO ocorrer, a Kraken será a segunda exchange cripto listada em bolsa. A primeira foi a Coinbase, cuja abertura de capital em abril de 2021 foi um marco de validação para todo o mercado cripto.
A listagem da Kraken pode representar também outro momento decisivo para o mercado. Portanto, isso pode aumentar a concorrência, ao mesmo tempo que atrai investidores tradicionais e reforça a legitimidade do setor.
Incerteza diante do XRP
A Ripple segue envolvida em uma batalha judicial com a SEC há cerca de cinco anos. A agência alega que o XRP é um valor mobiliário não registrado.
Há alguns anos, a Ripple venceu uma decisão que determinou que as vendas programáticas do XRP em exchanges não configuram oferta de valores mobiliários.
No entanto, as vendas institucionais foram consideradas irregulares, e a Ripple foi condenada a pagar US$ 125 milhões — valor bem abaixo dos US$ 2 bilhões inicialmente buscados pela SEC.
Mesmo com o encerramento de outros processos, o caso do XRP ainda não foi resolvido. Essa indefinição pode afetar as operações da Ripple. A situação ainda reverbera na legalidade do XRP, com investidores aguardando uma atualização clara sobre o status jurídico do token.
Essa demora ocorre porque, diferentemente de outros casos, a juíza precisa “remover a injunção padrão” antes de permitir a retirada do processo. Portanto, o julgamento final sobre o XRP em 2025 definirá os próximos passos.
Essa decisão, no entanto, pode sair em breve, já que a Ripple anunciou um acordo com a SEC para encerrar o recurso da agência. A Ripple também vai receber de volta US$ 75 milhões da multa.
Nova era cripto
Com a SEC sob nova liderança, o encerramento de casos e a adoção de novas diretrizes marcaram uma transformação na regulamentação cripto, com grandes implicações para o setor.
Afinal, um ambiente regulatório claro e sem incertezas incentiva a inovação e melhora os serviços oferecidos. Um clima favorável também fortalece a confiança dos investidores e acelera a adoção cripto.
No caso de exchanges como Coinbase, Kraken e Binance, esse novo cenário permitirá oferecer produtos mais sofisticados, competir em pé de igualdade com exchanges internacionais e atrair mais usuários, impulsionando o crescimento do mercado.
O que vem a seguir para as exchanges cripto?
Regulações claras e positivas são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer setor. Elas promovem competição justa, inovação, segurança e confiança do consumidor.
No universo cripto, a postura favorável da SEC pode abrir caminho para um novo ciclo de crescimento. As exchanges poderão ampliar seus serviços, atrair investidores institucionais e varejistas, e oferecer soluções melhores, mais seguras e mais vantajosas para todos.
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